segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Capítulo 11 “Nós estamos juntos, Sofia.”


(Diogo)

Diogo escondia também ele segredos, segredos que poderiam mudar a relação com a sua irmã e iriam modificar a sua vida, ela era a rapariga mais importante da sua vida. Tinha alugado uma casa à alguns dias, e desde então vivia lá com uma rapariga, que também ela era muito especial para si, a sua namorada Rita.
Ele sabia o que era sofrer por amar alguém e não ser feliz apenas porque outra pessoa não o era. O último ano de vida tinha sido a prova. Tinha estado no centro de uma história repleta de mal entendidos e com um desaparecimento à mistura, que tinha bastante amor, mas acima de qualquer outro sentimento existiam desilusões de ambas as partes. Por diversas vezes tinha sentido que tinha de optar por um dos lados: que além de ser do seu sangue, também era sua amiga e com as atitudes que tomara também o desiludira, mesmo que agora, já saiba a verdade, censura-se por ter duvidado e criticado o seu desaparecimento, afinal a culpa não tinha sido sua, mas por outro lado tinha um grande amigo seu, Pedro, de quem tinha acompanhado todo o sofrimento e desgosto. A irmã queria recuperar o amor de Pedro, queria ser feliz junto dele, e ele sabia que sem ele seria difícil recuperar a sua saúde tanto a nível mental como físico, mas ele estava feliz e apaixonado, estava recuperado e parecia ter esquecido e ultrapassado, parecia estar bem com Matilde. Sofia tinha-lhe ocultado as verdadeiras razões do seu desaparecimento, mas Diogo escondia também ele um segredo grande, mas ao contrário da irmã, não era por obrigação, mas por opção.

-Amor em que estás a pensar?

-Não te quero incomodar com os meus problemas, meu bem.

-Diogo, além de namorados, somos amigos e partilhamos a mesma casa, os teus problemas são os meus. - Diogo havia começado uma relação há alguns meses com Rita, com quem já partilhava casa, que abdicara de muito por causa dele. Deixara Espinho, onde sempre vivera para estar mais junto de Diogo. O único senão que fazia Diogo recear era que Sofia não gostava de Rita.

-Eu sei que o mínimo que posso fazer é apresentar-te à minha irmã, mas tenho medo da reação dela, tenho medo que afete a saúde dela.

-Sei que me amas, para mim é o mais importante! - Deu-lhe a mão. –A tua irmã precisa de ti nesta fase importante da vida dela, eu posso esperar.

-É por causa disto que te amo. – Beijou-a. –Estás disposta a ficar em segundo plano, e não te importas de esperar até me teres a teu lado.

-Diogo, eu amo-te e já estou a teu lado. Esperava por ti uma vida se fosse preciso. Quero e vou fazer tudo para teres as pessoas que amas ao pé de ti, tu mereces isso e eu devo-te, mas se tiver de me afastar de ti para continuares próximo da tua irmã, por muito que me magoe, assim o farei.

-Amo-te! – Beijaram-se. –Mas não acho que seja necessário. A minha irmã pode não aceitar de início e reagir mal, mas eu sou feliz contigo e ela precisa de aceitar.

-Mas tu também não aceitas a relação que ela tem com Filipe... – Rita tocou num ponto importante e difícil. Também ela não compreendia porque razão Diogo não aceitava a relação do amigo com a irmã.

-Isso é diferente, completamente diferente! – Respondeu com uma certa revolta na voz. –A Sofia ama o Pedro e apesar dele estar apaixonado e estar feliz, a vida vai tratar de os juntar, mais cedo ou mais tarde.

-E senão tiverem destinados a estares juntos e felizes?

-Acredita em mim Rita. – Fez uma curta pausa. –Eles estão destinados a estarem juntos.

-Mas o Pedro ama a Matilde, não achas que ele também tem direito a ser feliz?

-Não duvido que ele agora esteja feliz, e que goste da Matilde, mas a relação deles era diferente de todas as que vês por aí. – Sorriu ao lembrar-se da felicidade que eles sentiam apenas com aquela relação que os unira. -Mas ele agora está com a Matilde e está feliz, a Sofia vai ter de saber esperar e aceitar.

-Talvez o Filipe a ajude a esquecer e a ultrapassar esta história do Pedro.

-Talvez ajude ou talvez não. Ela precisa de esquecer, ou pelo menos ultrapassar o Pedro para poder seguir em frente com a vida dela e com o Filipe isso não vai acontecer. Todas as “amizades coloridas”, como eles chamam, acabam em romance, e a Sofia vai perceber que está apaixonada por ele e vai sofrer, além de não aguentar vê-la assim, sei que vai pôr ainda mais em risco a saúde dela. – Diogo explicou o porquê de ser contra a relação de Filipe e Sofia, era apenas a natural preocupação de irmão.

-Entendo a tua preocupação, mas a tua irmã vai ter de perceber por ela própria. Tu apenas podes apoiar e ajudar.

-Não posso, nem consigo controlar a vida dela, eu sei, mas posso tentar ajudá-la a seguir o caminho que deve seguir. Além dela, outras pessoas vão sofrer no meio desta história. O Pedro vai descobrir tudo e vai ficar furioso, nunca vai perdoar o Filipe, e o Filipe vai-se apaixonar pela Sofia e vai sofrer, porque sabe que a relação deles será impossível.

-A tua irmã e o Filipe andam a brincar com o fogo e não têm noção que não são os únicos que vão sofrer com esta história.

-Eu também vou sofrer, mas o que mais me preocupa são eles, os três, eu sou o mal menor no meio desta história.

-Não Diogo, tu não és o mal menor. Tu és alguém muito importante e que tal como eles merece toda a felicidade e todo o amor do mundo, não mereces estar no meio desta encruzilhada mas infelizmente estás. Mas apesar de tudo, tens-me a mim.

-Eu sei meu amor, e só te posso agradecer, tens sido incansável. Além de uma enorme namorada, és uma enorme amiga. Amo-te daqui até aquele candeeiro! – Apontou para o candeeiro da sala que estava sobre eles.

-Só até ali? – Apontou. – Pensava que me amavas até à entrada de casa, pelo menos! Logo eu que abdiquei de usar saltos altos por tua causa!

-Fala o roto ao nú! Também não és uma pessoa muito alta!

-A mulher é como a sardinha, só se quer é pequenina!

-Amo-te cinco mil vezes o meu tamanho! – Respondeu ao ouvido de Rita.

-Amo-te duas vezes o tamanho do sol! – Respondeu-lhe ao ouvido também.
Deitaram-se sobre o sofá da sala e enquanto ela encostou a cabeça ao peito dele sentindo o seu cheiro entranhar-se através do seu olfacto, Diogo olhava deslumbrado para as feições belas dela.

-Amor? – Perguntou Diogo, fazendo com que ela abrisse os olhos.

-Diz.

-Quantos filhos gostavas de ter?

-Porquê essa pergunta?

-Quero fazer os planos para a nossa vida a dois.

-Gostava de ter um ou dois e tu?

-Dois. Um menino para jogar à bola comigo e lhe ensinar uns truques e uma menina para dar uso à minha espinguarda!

-Qual espinguarda? Não tens nenhuma!

-O meu pai tem uma, e eu dava-lhe uso por cada rapaz que se aproximasse dela!

-És o máximo, meu esquilo!

-Esquilo?!

-Sim, pareces mesmo um esquilo a dormir! – Sorriu.

-Então tu és a minha esquila! – Beijou-a. –Eu escolho o nome da rapariga e tu do 
rapaz que achas?

-Uma excelente ideia! Mas gostava de ter uma menina Sofia, para honrar e de alguma forma compensar tudo o que fiz à tua irmã. – Rita para piorar toda aquela situação tinha tornado o último ano letivo de Sofia ainda mais infernal, tinha feito com que fosse vítima de bullyng psicológico, mas estava arrependida, ninguém o merecia, muito menos a sua actual cunhada e depois de tudo o que passara.

-A minha irmã pode ter muitos defeitos, mas têm um coração de ouro e vai-te perdoar, pode demorar mas perdoa, até porque vai saber que te amo.

Rita acabou por adormecer nos braços do “seu esquilo” e Diogo também, estava apaixonado e aquela sensação era única, ela era o seu porto de abrigo, .ao fim de alguns minutos a admirar a sua namorada, acabou também ele por adormecer a admirar as características belas, ao seu olhar, da namorada.
Acordou alguns minutos depois e como não queria incomodar Rita, decidiu pegar no seu telemóvel e ir ver o seu snapchat, ir também ao facebook e só depois ver o seu instagram. Deparou-se com algo que não esperava. Filipe havia publicado uma foto da irmã com a seguinte descrição:

You are my little secret, my only wish and my definition of happiness”

Diogo depois de olhar para a imagem e de ler a descrição decidiu levantar-se e telefonar à irmã. Ela não atendeu, o que o deixou ainda mais preocupado. Com aquela agitação acabou por acordar Rita.

-Diogo? – Perguntou enquanto tentava abrir os olhos. –Que se passou?

-Já te conto. A minha irmã está a ligar-me.

Depois atendeu a chamada da irmã e contou-lhe o sucedido, Rita também percebeu toda a história apenas com o que ouvira, combinaram que o melhor seria encontrarem-se à hora do jantar para discutirem o que se havia passado, até porque Sofia queria contar-lhe algo mais, assim como Diogo que queria dar a notícia do seu namoro com Rita, e que iriam viver os quatro juntos.

-Tens a certeza que lhe queres contar Diogo? Mesmo depois disto do Filipe?

-Sim, tenho. Está na altura da Sofia saber que estamos juntos e de aceitá-lo, ela tem de respeitar a nossa decisão, assim como eu respeito esta relação estranha com o Filipe.

-Então e se ela não aceitar?

-Vai ter de aceitar, sabes porquê? – Rita sentou-se ao colo de Diogo. –Porque nos amamos. – Beijaram-se.

-Não é melhor irmos comprar tudo o que é preciso para o jantar?

-Sim. Vamos no meu carro ou no teu?

-No teu, que tu és menos perigoso que eu. – Cruzaram as mãos e deram um beijo. Saíram de casa e do prédio e foram em direcção ao supermercado mais próximo. Compraram diversos ingredientes e várias sobremesas, os dois estavam ansiosos, queriam que o jantar fosse perfeito e para isso prepararam tudo ao mais ínfimo pormenor.
Quando chegaram a casa, arrumaram as compras e colocaram a mesa, deixaram tudo pronto para a chegada de Filipe e Sofia, só faltava preparar o jantar, por isso Rita teve uma ideia:

-Que achas de irmos tomar um banhinho... Juntinhos? – Sussurrou ao ouvido do namorado.

-Parece-me uma ideia irresistível! – Beijaram-se e foram até à casa de banho. Aquele banho era inocente, queriam apenas trocar mimos antes de uma enorme prova de fogo naquela relação.

Despiram-se e entraram na banheira, depois de correr um pouco de água, aconchegarem-se na banheira e Rita decidiu fotografar esse momento:


O banho acabou por demorar mais tempo do que era previsto. Acabaram por só se aperceber do atraso quando ouviram a campainha tocar.
Diogo colocou uma toalha à volta das pernas e Rita vestiu um robe para cobrir o seu corpo, para ir até ao quarto mudar de roupa.

-Sim? – Perguntou ao chegar à porta de casa.

-Somos nós. – Respondeu em coro Filipe e Sofia. Diogo abriu a porta e os “amigos coloridos” ficaram espantados, não esperavam vê-lo em trajes menores.

-Deixem-me só ir mudar de roupa e já vou ter com vocês, entretanto vão para a cozinha.

Eles assim o fizeram enquanto Diogo foi ter ao quarto onde Rita mudava a roupa, acabaram por se vestir em simultâneo, trocaram um último beijo e foram até à cozinha, onde Filipe e Sofia já tinha estranhado estarem quatro pratos à mesa.

-Que é que ela está aqui a fazer Diogo?

-Nós estamos juntos, Sofia. A Rita vem viver connosco.

Como irá reagir Sofia?
E Filipe? Será que vão aceitar a vinda de Rita?

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Capítulo 10: “You are my little secret, my only wish and my definition of happiness”


(Sofia)

Assim que saiu do carro ouviu o som da campainha escolar, olhou para Filipe e sorriu, por causa da longa conversa, estava já na hora do começo da aula. Caminhou aceleradamente até à porta da sala, já conhecia a escola e foi rápido até lá chegar. Por sorte a professora ainda não tinha chegado, e pode conversar com alguns dos colegas de turma, alguns eram velhos conhecidos e amigos, mas a maioria eram caras novas. Mas havia uma rapariga que lhe dizia algo mais, não era amiga, nem uma antiga companheira de turma mas conhecia-a de outro lado, olhou-a mais uma vez, discretamente, e a rapariga olhava-a também, desviou rapidamente o olhar na tentativa que ela não compreendesse que ela a olhava. Quando chegou a professora, a porta da sala abriu e entraram para o seu interior, e em segundos conseguiu observar aquela rapariga de perfil e recordara-se de onde a conhecia. Era Matilde. Era ela que ocupava o coração de Pedro, era ela a causadora da felicidade do seu amado. Aquele sensação de encontrá-lo feliz era agridoce: amava-o e o melhor para ele era ser feliz, por muito que o tivesse ou não junto de si, mas por outro lado era egoísta ao ponto de querer que ele a amasse só a ela.
Assim que entrou na sala, todos se sentaram nas respectivas cadeiras e Sofia sentiu-se à parte, pareciam todos entruzados com alguém e muito à vontade, e ela sentia-se perdida, não sabia onde se sentar nem com quem falar. Por instinto olhou para Matilde, que a olhou também, sorriu e com a mão convidou-a para se sentar ao pé de si, apesar de ser incómodo, ela acabou por aceitar. Sofia sentou-se ao lado da jovem rapariga que lhe sorriu, cumprimentaram-se com dois beijos na face e disse:

-Olá querida! Chamo-me Matilde Varela e tu?

-Olá. Sofia Rocha. – Optou por dizer o seu apelido, em vez do apelido com o qual o irmão era conhecido, usou-o como forma de se defender, não queria que ela soubesse que era a ex-namorada do actual namorado dela. –Obrigada por me teres chamado para me sentar ao pé de ti, não sabia onde me sentar, parecem todos tão cúmplices e à vontade que me senti à parte.

-Não tens de agradecer minha querida. – Matilde pousou a mão sobre a da nova colega de turma, o que a arrepiou mas tentou esconder o que sentira. –Também passei o mesmo quando vim para esta escola, além do mais não me custa nada ajudar!

-Muito obrigada Matilde.

-Posso saber porque é que só vieste para esta escola este ano ou é perguntar demasiado? – Matilde tocara num ponto importante e difícil. Como poderia Sofia falar do último ano da sua vida sem mencionar Pedro?

-Fiz o 10ºano nesta escola, mas o ano passado tive de voltar para a minha terra, mas este ano aqui estou! – Sorriu

-Não és de cá? És de onde?

-Sou do norte, mais precisamente de Espinho.

-Olha que não tens sotaque nenhum, pensava mesmo que eras daqui.

-Nunca tive sotaque, e por incrível que pareça até consigo perceber o sotaque dos outros. – Sorriram em conjunto, mas no seu íntimo, Sofia sentia-se fraca e impotente. 

Sentia que não tinha coragem de conviver com Matilde todos os dias, sabendo que era ela a dona do coração do homem que mais amara e amava, não conseguia fingir que era fácil para si quando no fundo sentia-se mais uma vez à prova e não tinha força para conviver com todas as contrapartidas que a vida lhe trazia.
A aula começou naturalmente e todos os alunos se apresentaram, apesar da maior parte já se conhecer, e enquanto não chegou a vez de Sofia, ela aproveitou a distração da professora para enviar uma mensagem a Filipe.

Mais uma aventura na vida (já pouco monótoma) de Sofia Rochinha: a atual dona do coração do Pedro é da minha turma, como irá ser o desfecho desta história? Não perca os próximos episódios, todos os dias na MTV ás 18h! Agora fora de brincadeiras... Preciso de ti! Beijos”

Sofia sabia que Filipe não iria responder até porque estava em treino, mas mal visse a mensagem iria responder e dizer aquelas palavras que só ele sabia dizer, que nem Diogo, apesar de seu irmão e melhor amigo, não as diria. Filipe dizia, não o que ela queria ouvir, mas o que ela precisava de ouvir, mas de uma forma que não a magoava, aliás fazia-a tomar consciência da dura realidade que tinha de enfrentar. Diogo era seu amigo, mas por vezes era demasiado duro e exigente, não compreendera porque Filipe e Sofia se haviam envolvido, nem o porquê de muitas das suas atitudes, talvez fosse para protegê-la mas não sentia que era a atitude mais correta.
As aulas continuaram naturalmente e pouco mais houve a acrescentar, além das apresentações, até que Sofia recebeu a resposta de Filipe:

A não perder no próximo episódio da vida (pouco monótoma) de Sofia Rochinha um almoço com o seu “amigo-colorido” Filipe, como irá correr? Será que ela vai aceitar? É esperar para ver! (Fora de brincadeiras, és forte e vais superar isso, mas hoje à tarde és minha e não tens desculpa, quando acabar as aulas estou à porta da tua escola!) Beijinhos”

Sofia sorriu, e aquele sorriso não passou discreto a Matilde, apesar de estarem em aulas não resistiam a colocar a conversa em dia:

-É um amigo especial ou já é namorado, querida?

-Na verdade, nem eu sei. -Confessou. Apesar do seu irmão Diogo, ser o homem da sua vida, e provavelmente o único, ela amava Pedro e era com ele que aprendera o significado dessa palavra, mas por Filipe começava a formar-se um sentimento que era de todo estranho para ela. Não era amigo, nem namorado, se existisse algo entre esses sentimentos, era a definição deles.

As aulas seguintes foram mais uma repetição da primeira aula, apresentações e mais apresentações, e Matilde tentava ao máximo conhecer e aproximar-se de Sofia e ela não tinha coragem de recusar, apesar de ser ela a atual dona do coração de Pedro, era também a única pessoa daquela turma que tentara ao máximo deixa-la à vontade e disponibilizar-lhe toda a atenção e carinho e ela não podia simplesmente recusá-lo. Quando a professora deu por terminada a última aula do primeiro dia de aulas, despediram-se do resto dos colegas e foram juntas até ao portão da entrada. Pedro esperava por Matilde, mas acabou também por cruzar o olhar com o de Sofia, mas rapidamente voltou-se para a sua namorada e foi em direção a ela, a jovem rapariga acabou por não se despedir de Matilde e foi em direção a Filipe, que estava dentro do carro. Sentou-se no lugar do pendura e ele deu-lhe um beijo na face, mas ela rodeada de sentimentos que não conseguia traduzir ao certo, apertou-lhe a mão e disse:

-Não digas nada. Leva-me para longe daqui e dá-me um dia longe de tudo, mas perto de ti.

-Assim o farei, minha heroína. – Respondeu-lhe fazendo-a sorrir, ele era a melhor coisa que lhe poderiam ter dado desde que regressara a Lisboa.
A viagem apesar de ser mais demorosa do que Sofia esperava, acabou por ser bastante divertida e animada, Filipe sabia perfeitamente como fazê-la sorrir e dar-lhe coragem para enfrentar os problemas, ele tornava-se a cada segundo mais o que ela mais queria e precisava para a sua vida e ela tomava consciência que ganhava uma importância que mais nenhum amigo tinha, mas nada poderia, nem queria fazer nada contra isso. A vida indicar-lhe-ia o verdadeiro significado de Filipe na sua vida. Assim que chegaram, a primeira reação de Sofia foi além de surpresa, felicidade, sorriu e perguntou:

-Como é que sabias que queria conhecer Mafra? Foi o Diogo?

-Foi tudo instinto, achei que irias gostar de conhecer tanto a vila, como o convento e a tapada.

-Obrigada por tudo! – Abraçou Filipe. -Não sei como te agradecer tens sido incansável, não sei o que seria sem ti! – Separaram-se e ficaram a olhar diretamente nos olhos um do outro, um calafrio acabou por percorrer o corpo de Sofia, não era só o olhar bonito que partilhavam mas também como o sentimento que ele transmitia com eles. Filipe pousou a sua mão sobre a face de Sofia e fê-la deslizar sentindo a sua pele suave, ela fechou os olhos e sentiu a mão dele deslizar até à sua e inverteram os papéis. Sairam do carro de mãos dadas e com um sorriso na cara, sentiam-se bem juntos, não precisavam de dizer mais palavras, apenas de desfrutar os bons momentos juntos. Filipe tinha o efeito de silenciar as vozes que se ouviam na cabeça de Sofia e dar-lhe um sentimento de paz e felicidade quando estavam juntos. Sofia tinha um efeito incrível na vida de Filipe: ela tinha desafiado todos os princípios e leis que ele havia criado há vários anos, ela tinha-lhe ensinado que o amor era uma luta que recompensava e que não iria desistir dela, apesar dela amar Pedro. Ao contrário dos sentimentos contraditórios que Sofia sentia, Filipe sabia exatamente o que sentia por ela, mais que amizade,tornara-se amor.

-Vamos almoçar aqui. – Sentou-se na esplanada de um restaurante que lhes dava vista priviligiada, Filipe afastou a cadeira da mesa para Sofia se sentar, que lhe sorriu e agradeceu, mirou o cardápio e os preços dos produtos.

-Não pudemos almoçar aqui Filipe. Estes preços levavam qualquer um à banca-rota.

-Sofia, as rainhas devem ser tratadas como rainhas, nunca de outra forma. – Ela como não tinha forma para agradecer e para responder ao que ouvira, apenas sorriu.
Quando terminaram o almoço, fizeram o curto espaço em direção ao convento e ela pôde deparar a dimensão daquele convento, estava surpreendida e rendida.

Acabaram por cruzar os dedos e fazer as palmas das mãos tocarem-se, e foi assim que aproveitaram todo o passeio por aquele enorme convento. Filipe já visitara aquele monumento, mas por fazê-lo com Sofia tornava aquele monumento ainda mais bonito, e ela sentia-se feliz, e tentava captar tudo o que via para mais tarde recordar.


-Um via vou casar-me num convento com este magistude, e com este tamanho para trazer imensos convidados. – Disse Sofia surpreendida com o tamanho e magnitude daquele monumento e imaginando ali o seu casamento com Pedro, onde Filipe e Diogo seriam os seus padrinhos.

-Posso ser um dos teus convidados?

-Serás um dos preferenciais. Estarás sentado na primeira fila, bem junto de mim. – Filipe sorriu, pensando, talvez, na ideia de se casar com Sofia e dela receber o seu último nome.

De seguida visitaram a biblioteca e depois de Sofia captar o momento com mais uma fotografia, acabou por confessar a Filipe que ele tornava aquele momento mais inesquecível, o que o fizera sorrir, ela era sem dúvida a rapariga mais especial que tivera a sorte de conhecer.


Até os pequenos detalhes Sofia não deixou escapar.


Chegaram até aos jardins do Convento e tal como tudo o que viram, era magnifícos e esplendorosos.


 
Sofia afastou a sua mão de Filipe e começou a explorar o caminho um pouco afastada dele, e admirado com a sua beleza acabou por captá-la com o telemóvel, sem ela entender.


Acabou por colocar a foto na rede social Instagram e colocar como legenda:

You are my little secret, my only wish and my definition of happiness”

Quando a visita ao convento terminou já estavam cansados e Sofia demonstrou, por isso Filipe agarrou-a pelas cavalitas e levou-a até ao carro o que foi proporcionou um enorme momento de diversão e de seguida, foram em direção à tapada onde estava agendado uma visita, entre as muitas opções que podiam usufruir para conhecer a tapada, preferiram ir conhecer a tapada sozinhos.


Começaram a passear juntos e mais uma vez de mãos dadas, as vistas surpreenderam-nos, especialmente a Sofia que as via pela primeira vez.



Sofia parecia ganhar uma nova energia com as bonitas paisagens que ia admirando, e Filipe era feliz sabendo que Sofia era feliz, quem os via pensava que eram realmente namorados e eles sentiam-se como tal. Filipe estava apaixonado mas nunca o assumira em voz alta, nem para com ninguém, não queria esquecê-la, queria conquistá-la, queria que Sofia o amasse como amava Pedro. E Sofia, sabia que apesar de amar Pedro, Filipe mexia com os sentimentos mais escondidos dela.

-Pipo, posso lançar-te um desafio?

-Podes, claro.

-Sempre quis fazer na selva.. Sei que isto não é, mas é o mais próximo que consegui...

-Tu tens como fetiche fazer amor – Usou esta expressão em vez da que costumavam utilizar, Filipe fazia amor com Sofia, apenas isso. –Numa selva? Ou melhor tu queres fazer amor nesta tapada que é vigiada e é capaz de passar alguém?

-Talvez seja loucura e talvez não queiras mas... – Ele não a deixou terminar e beijou-a, aproximaram-se da ponte e foram até à zona mais baixa e escondida que encontraram e fizeram amor em silêncio, com medo que alguém os ouvisse ou que os vissem, mas acabou por tornar o momento mais intenso e perigoso, o que era mais excitante para ambos. Ficaram com marcas no corpo que provaram o momento. Quando os corpos não conseguiam mais aguentar o momento, deram por terminado e trocaram um último beijo nos lábios e foi o momento que marcou a diferença entre o momento que tinha acabado de viver dos outros que viveram antes, o que ela sentira tinha mudado e sabia-o mas preferia não falar sobre ele, encontrou o telemóvel no chão e deparou-se com uma chamada não atendida do irmão. Devolveu a chamada, que rapidamente atendeu:

-Olá Diogo, como estás?

-Estou bem Sofia, e tu como estás? Já viste o que o Filipe publicou no instagram?

-Eu não, como tu sabes não tenho isso.

-Então não sabes o que ele publicou.

-Não, porquê?

-Foi em inglês mas como tu sabes que não é o meu forte vou ler em português. “És o meu pequeno segredo, o meu único desejo e a minha definição de felicidade.”, e para melhorar, o Pedro já viu e pôs “like”.

Como irá reagir Sofia?
O que irá fazer a Filipe? E como ficará a hipótese de reatar com Pedro?

segunda-feira, 3 de novembro de 2014

Novidades :)

Olá minhas queridas leitoras :)
Infelizmente o que me trás aqui não é um capítulo mas é outra boa notícia, criei um perfil no facebook para poderem partilhar comigo as vossas opiniões sobre os meus blogs, para poderem dar sugestões, e até para falarem comigo, não só como escritora mas enquanto pessoa!

https://www.facebook.com/profile.php?id=100008431504828

Façam-me o pedido de amizade, e mandem-me por favor uma mensagem a dizer que são minhas leitoras, para andar informada. Mais tarde colocar-vos-ei no grupo das minhas fics.

Não sei se têm conhecimento mas tenho uma outra fic, que escrevo sozinha:
http://because-you-are-my-heaven.blogspot.pt/
E uma história que fala da descoberta do amor, de escolhas, de luta é uma história bonita, modéstia à parte, mas que retrata um dia-a-dia que podia ser bem real.

E uma outra que apesar de não o fazer sozinha, a escritora que me acompanha é muito boa, apesar de não publicarmos muito, a história é bonita e adoro escrevê-la:
http://um-amor-como-o-teu.blogspot.pt/

Quem sabe se em breve não trarei um capítulo!

Beijinhos,
Rita Carvalho

sábado, 25 de outubro de 2014

Capítulo 09: “Ele... Ele já não me ama.”


(Sofia)

Sofia acordou sobressaltada. O sonho voltara a repetir-se. Parecia tão real e tão assustador... E cada vez que se repetia a sensação aumentava. Aquele sonho já tinha um ano e já se repetira tantas vezes que perdera a conta. A sensação de se tornar realidade assustava-a, como o medo de perder alguém que amava, como a dura realidade de ter abandonado o homem que amava, Pedro e pela morte do filho, que ainda vivia no seu ventre.

-Sofia está tudo bem, foi só um pesadelo. – Tentou acalmá-la a mãe enquanto a aconchegava nos seus braços e beijando-lhe a testa.

-Mãe, mãe. – Apertou os braços da mãe, claramente assustada e ainda com medo que o sonho fosse real. –Parecia tão real mãe, não os posso perder. Não outra vez... Eu amo-os mãe. – Chorou nos braços da mãe.

-Filha ouve-me as minhas palavras com atenção. – Sofia limpou as lágrimas e olhou para a mãe. –És mãe. Pode ter acontecido aquilo que aconteceu mas tu és, foste e sempre serás mãe, a partir do momento em que ele morou no teu ventre. E se houve algo que a maternidade me ensinou foi que muitas vezes, temos de ser fortes, não por nós, mas pelos nossos filhos. Porque eles precisam dessa força. E o teu filho no céu precisa de ti, precisa da tua força, coragem e determinação que eu sei que tens para poder descansar em paz. Ele sabe tudo sobre ti e orgulha-se tanto de ti como eu. E ele só se torna a estrela mais brilhante no céu, durante a noite e o dia, quando tu és forte, quando lutas. Um dia vais conseguir o que queres. O truque é nunca desistir, vais realizar os teus sonhos. E vais dar um irmão ao Júnior! E quanto ao teu ex. – Usou uma expressão que fez Sofia sorrir. –Não entres logo com tudo o que tens e não tens. Tenta entender o lugar dele, tenta reconquistá-lo aos poucos e poucos e depois com o tempo provas-lhe que o amas, um bocadinho, todos os dias e ele percebe que nunca deixaste de amar. Sim, porque até um cego entende que tu o amas! – Sofia sorriu a relembrar cada traço do seu físico e da sua personalidade. –E se ele também te ama, as coisas vão simplesmente acontecer quando tiverem de acontecer. Não desistas dele, tudo vai acabar por dar certo, no céu tens uma estrelinha muito forte a torcer por vocês, estrelinha essa que é fruto do vosso amor! – Beijou a testa da filha que sorriu e sentiu-se confortável nos braços da mãe, como se aquelas palavras lhe tivesse dado uma força extraordinária e inexplicável para lidar com a vida.

-Posso? – Perguntou o pai enquanto espreitava para dentro do quarto. –Desculpem interromper mas tens uma visita filha.

-Está bem, mas quem é?

-Alguém de quem tem bastante saudades. Pode entrar?

-Sim, claro.

-É melhor sairmos amor para os deixarmos mais á vontade. – A mãe de Sofia saiu do quarto deixando-a sozinha. Passado alguns segundos, bateram á porta.

-Entre. – Pedro entrou pelo quarto e fechou a porta. Os olhares cruzaram-se pela primeira vez num ano.

-Pedro...

-Sofia. – Aproximou-se dela e os olhares não se separaram nem por milésimos de segundo, não sabiam ao certo o que dizer e muito menos o que fazer, todos os sentimentos se misturavam. Amavam-se mas existiam demasiadas dúvidas que não deixavam aquele sentimento comandar. –Porque me abandonaste?

-E tu, porque não vieste atrás de mim? – Perguntou ela, contra-atacando. Era verdade que ela o abandonara do dia para a noite, mas ele também não correra atrás dela e isso magoava-a.

-Abandonaste-me e ainda me pedes que fosse atrás de ti?

-Prometeste que não ias desistir de mim e o que fizeste? Simplesmente desististe.

-Não, tu é que desististe de nós. Tu é que me abandonaste do dia para a noite e durante um ano não te dignaste a mandar-me uma carta, um e-mail ou simplesmente uma mensagem, foste tu que desististe, nunca eu.

-Tu podias simplesmente ter-me procurado.

-E achas que não procurei? Percorri meio-mundo, fiz tudo o que pude por ti! Tu simplesmente desapareceste...

-E entretanto refizeste a tua vidinha não foi verdade? Como foi possível teres-me traído desta forma?

-A única pessoa que aqui traiu foste tu, traiste os meus sentimentos e as nossas promessas, foste tu que me deixaste sem dizer nada, foste tu que escolheste desaparecer e esquecer-me. Eu simplesmente lutei para reorganizar pela minha vida e ser feliz.

-E porque não esperaste por mim? Sabias que mais cedo ou mais tarde iria voltar.

-Sofia, eu amava-te. – Isso queria dizer que já não a amava? – Procurei-te, perguntei a toda a gente que te conhecia, esperei, e simplesmente não sabia nada de ti. Acredita que quem sofreu mais no meio disto tudo fui eu. Fui eu que passei noites em claro à espera de qualquer sinal teu, a perguntar-me se o problema era meu, foram dias em que só pensava em ti, toda a minha vida se centrou em ti durante uns tempos, eu pensava que me amavas e tu simplesmente... Abandonaste-me. Como achas que fiquei? Mas superei tudo Sofia, mas ainda não te perdoei, possivelmente nunca o farei, porque me demonstraste tudo o que não queria ser. Superei toda a dor, todo o sofrimento, chorei tudo o que tinha para chorar e ultrapassei, e acabei por me apaixonar por uma pessoa que me apoiou sempre e ela sim ama-me, com a Matilde, eu sou feliz e espero apenas que também encontres a tua felicidade. – Deu um beijo sobre a testa de Sofia e saiu do quarto, despediu-se dos pais dela e agradeceu a oportunidade, em especial ao pai de quem tinha a perfeita noção que sempre fora contra o namoro entre eles, despediu-se de Diogo e Filipe e saiu.

E Sofia, no quarto, não reagira. As palavras que Pedro lhe tinha dito ecoavam na sua cabeça, em especial, “(...)eu sou feliz e espero apenas que também encontres a tua felicidade”. Ele falava, sobre si, num passado longíquo, quando no fundo havia passado só um ano. Queria chorar e não conseguia, queria dizer algo mas as palavras simplesmente não saiam, sentia um vazio apoderar-se de si e da sua vida e nada poderia descrever aquele momento, como poderia ele já não nutrir qualquer tipo de sentimento por ela? Será que ela o havia magoado assim tanto? Será que ele se tinha esquecido de todos os sentimentos e da relação que os unira? Filipe entrou no quarto e foi ao encontro dela, olhou-a nos olhos e não precisou de palavras para entender o que ela sentia, sentou-se sobre a cama e ela sentou-se ao seu colo, quando ele a apertou nos seus braços, não conseguiu conter as lágrimas.

-Sofia não sei o que o Pedro te disse, mas sei que tu és das pessoas mais fortes e determinadas que conheci até hoje e que não vais abaixo com o que ele te possa ter dito. Ele reagiu de cabeça quente.

-Ele... Ele já não me ama. – Disse soluçando com as lágrimas a escorrerem-lhe a face, Filipe limpou as suas lágrimas com a ponta dos dedos e olhou-a, como tentando tranquilizá-la com o poder do olhar.

-Tu sabes que não é verdade.
Sofia aconchegou-se nos braços de Filipe e fechou os olhos tentando dormir, como não conseguia deixou-se permanecer como estava tentando encontrar o rumo certo para adormecer. A porta do quarto abriu, e entrou Diogo, que foi facilmente reconhecido pela irmã, pelo arrastar dos seus pés.

-Como é que ela está?

-Felizmente já adormeceu, mas não está nada bem.

-Que é que ela e o Pedro falaram?

-Ela apenas me disse que ele já não a amava.

-Tu sabes que ele está com a Matilde.

-Sim, sei mas recuso-me a pensar que ele a tenha esquecido tão rapidamente, ela é demasiado especial para ele ter a ousadia de fazê-lo.
Ela permanecia aconchegada nos braços de Filipe, sentindo a sua respiração constante e o bater do coração que parecia aumentar sempre que dizia o seu nome ou quando disse que ela era especial, ela não lhe era indiferente, da mesma forma que ela sentia por ele. Ouvir o seu coração sossegava-a, mas sabia que só uma pessoa ela amava, e acreditava ser para sempre.

-Filipe?

-Sim.

-O que é que tu e a irmã têm?

-Tu sabes, envolvemo-nos.

-Há alguma coisa mais?

-Não. Não aconteceu nada mais, além do que tu sabes.

-Filipe, não quero que haja males entendidos, por isso vou-te explicar porque fui contra vocês envolverem-se.

-Tu tinhas medo que ela me usasse para esquecer o Pedro, eu sei.

-Além disso. No final vocês vão acabar magoados, dê por onde der.

-Diogo, em todos os filmes os amigos que se envolvem acabam apaixonados, mas eu e a Sofia podemos ser uma excepção, ela tem o coração ocupado e eu sei bem disso.

-E tu, não estás apaixonado pela Jéssica? – Filipe não respondeu, deixou o silêncio apoderar-se da sala, deitou a Sofia na cama e respondeu:

-Vamos sair do quarto, a tua irmã precisa de descanso. – Cobriu o corpo da amiga com o lençol da cama e saíram do quarto, mal ouviu o silêncio profundo em que o quarto se encontrava, adormeceu e acabou a sonhar com todas as aventuras que envolviam os “seus três rapazes” naquele dia.

(Passado Alguns Dias)

Sofia acabou por ter alta do hospital, embora com a informação que tenha de ser acompanhada por um psiquiatra regularmente e ela aceitara-o, sabia que era o melhor para ela, e talvez fosse o único que a ouvisse sem julgar. Apesar de confiar a sua vida a Diogo e Filipe, tinha medo que eles a julgassem e talvez com um desconhecido isso não aconteceria. Sabia que era forte, não precisava que lho dissessem, mas temia o futuro, sabia que já tinha ultrapassado muitas dificuldades e iria superar outras ainda mais temerosas e isso assustava-a. Tinha voltado para casa de Filipe, mas não se voltaram a envolver, ela sabia que amava Pedro e iria reconquistá-lo. E Filipe iria conquistar Jéssica, não a conhecia mas confiava que o sentimento era recíproco, ele merecia ser feliz e como poderia não se apaixonar por um rapaz tão impecável?
 Aquele era o seu primeiro dia de aulas e ela iria recomeçar, iria reconquistar os amigos que deixara naquela escola, iria recomeçar a sua vida e reencontrar a sua felicidade. Não só Pedro, como também os amigos e a vida que outrora vivia, inclusivé com os pais de quem morria de saudades. Sofia era uma rapariga lutadora e com um enorme coração, bastou o pai pedir perdão que ela desculpara-o e estava disposta a esquecer, ele estava realmente arrependido e ela sabia, apesar de tudo não deixava de ser seu pai, amava-o.
Filipe levara-a até à escola e ele aparentava estar mais nervoso que ela.

-Boa sorte para hoje, pequena!

-Filipe já perdi a conta ás vezes que me desejaste boa sorte! – Sorriu, tentando tranquilizá-lo, até porque ele aparentava estar mais nervoso que ela.

-Estou nervoso por ti, posso? Sei que vai correr bem mas é para me tranquilizar.

-Sabes que já andei na escola certo? E que aliás este já é o meu último ano do secundário certo?

-Sim sei, mas é o primeiro dia de aulas do teu secundário.

-Estás enganado, já tinha tido aulas lá em Espinho, depois é que pedi a transferência.

-Então já tiveste os primeiros dias de massacre! – Sorriram. –E quero que olhes para isto como um desafio, um de muitos que tens! – Piscou-lhe o olho.

-Sim, obrigada e não precisas de ficar assim, estás mais nervoso que eu!

-Não estou nervoso... Apenas estou recetivo.

-Mentiroso! Descansa que senão correr bem eu ligo-te!

-Mas é para ligares mesmo!

-Eu ligo descansa! Mas agora é melhor ir que senão vou chegar atrasada e causar uma péssima primeira impressão!

-Vai lá, boa sorte! – Deu-lhe um beijo na testa. –A que horas é que sais?

-Às 13:30, porquê?

-Eu venho buscar-te e vamos almoçar juntos.

-Combinado.

Deram dois beijos de despedida, mais uma série de “boa-sortes” de Filipe e Sofia saiu em direção à escola, sabia que era só mais uma aventura e um longo caminho a percorrer mas algo a fazia ficar reticente e ter receio.

Porque será que Sofia terá este estranho pressentimento?

Como irá correr o 1º dia de aulas? Como correrá o almoço?