segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Capítulo 11 “Nós estamos juntos, Sofia.”


(Diogo)

Diogo escondia também ele segredos, segredos que poderiam mudar a relação com a sua irmã e iriam modificar a sua vida, ela era a rapariga mais importante da sua vida. Tinha alugado uma casa à alguns dias, e desde então vivia lá com uma rapariga, que também ela era muito especial para si, a sua namorada Rita.
Ele sabia o que era sofrer por amar alguém e não ser feliz apenas porque outra pessoa não o era. O último ano de vida tinha sido a prova. Tinha estado no centro de uma história repleta de mal entendidos e com um desaparecimento à mistura, que tinha bastante amor, mas acima de qualquer outro sentimento existiam desilusões de ambas as partes. Por diversas vezes tinha sentido que tinha de optar por um dos lados: que além de ser do seu sangue, também era sua amiga e com as atitudes que tomara também o desiludira, mesmo que agora, já saiba a verdade, censura-se por ter duvidado e criticado o seu desaparecimento, afinal a culpa não tinha sido sua, mas por outro lado tinha um grande amigo seu, Pedro, de quem tinha acompanhado todo o sofrimento e desgosto. A irmã queria recuperar o amor de Pedro, queria ser feliz junto dele, e ele sabia que sem ele seria difícil recuperar a sua saúde tanto a nível mental como físico, mas ele estava feliz e apaixonado, estava recuperado e parecia ter esquecido e ultrapassado, parecia estar bem com Matilde. Sofia tinha-lhe ocultado as verdadeiras razões do seu desaparecimento, mas Diogo escondia também ele um segredo grande, mas ao contrário da irmã, não era por obrigação, mas por opção.

-Amor em que estás a pensar?

-Não te quero incomodar com os meus problemas, meu bem.

-Diogo, além de namorados, somos amigos e partilhamos a mesma casa, os teus problemas são os meus. - Diogo havia começado uma relação há alguns meses com Rita, com quem já partilhava casa, que abdicara de muito por causa dele. Deixara Espinho, onde sempre vivera para estar mais junto de Diogo. O único senão que fazia Diogo recear era que Sofia não gostava de Rita.

-Eu sei que o mínimo que posso fazer é apresentar-te à minha irmã, mas tenho medo da reação dela, tenho medo que afete a saúde dela.

-Sei que me amas, para mim é o mais importante! - Deu-lhe a mão. –A tua irmã precisa de ti nesta fase importante da vida dela, eu posso esperar.

-É por causa disto que te amo. – Beijou-a. –Estás disposta a ficar em segundo plano, e não te importas de esperar até me teres a teu lado.

-Diogo, eu amo-te e já estou a teu lado. Esperava por ti uma vida se fosse preciso. Quero e vou fazer tudo para teres as pessoas que amas ao pé de ti, tu mereces isso e eu devo-te, mas se tiver de me afastar de ti para continuares próximo da tua irmã, por muito que me magoe, assim o farei.

-Amo-te! – Beijaram-se. –Mas não acho que seja necessário. A minha irmã pode não aceitar de início e reagir mal, mas eu sou feliz contigo e ela precisa de aceitar.

-Mas tu também não aceitas a relação que ela tem com Filipe... – Rita tocou num ponto importante e difícil. Também ela não compreendia porque razão Diogo não aceitava a relação do amigo com a irmã.

-Isso é diferente, completamente diferente! – Respondeu com uma certa revolta na voz. –A Sofia ama o Pedro e apesar dele estar apaixonado e estar feliz, a vida vai tratar de os juntar, mais cedo ou mais tarde.

-E senão tiverem destinados a estares juntos e felizes?

-Acredita em mim Rita. – Fez uma curta pausa. –Eles estão destinados a estarem juntos.

-Mas o Pedro ama a Matilde, não achas que ele também tem direito a ser feliz?

-Não duvido que ele agora esteja feliz, e que goste da Matilde, mas a relação deles era diferente de todas as que vês por aí. – Sorriu ao lembrar-se da felicidade que eles sentiam apenas com aquela relação que os unira. -Mas ele agora está com a Matilde e está feliz, a Sofia vai ter de saber esperar e aceitar.

-Talvez o Filipe a ajude a esquecer e a ultrapassar esta história do Pedro.

-Talvez ajude ou talvez não. Ela precisa de esquecer, ou pelo menos ultrapassar o Pedro para poder seguir em frente com a vida dela e com o Filipe isso não vai acontecer. Todas as “amizades coloridas”, como eles chamam, acabam em romance, e a Sofia vai perceber que está apaixonada por ele e vai sofrer, além de não aguentar vê-la assim, sei que vai pôr ainda mais em risco a saúde dela. – Diogo explicou o porquê de ser contra a relação de Filipe e Sofia, era apenas a natural preocupação de irmão.

-Entendo a tua preocupação, mas a tua irmã vai ter de perceber por ela própria. Tu apenas podes apoiar e ajudar.

-Não posso, nem consigo controlar a vida dela, eu sei, mas posso tentar ajudá-la a seguir o caminho que deve seguir. Além dela, outras pessoas vão sofrer no meio desta história. O Pedro vai descobrir tudo e vai ficar furioso, nunca vai perdoar o Filipe, e o Filipe vai-se apaixonar pela Sofia e vai sofrer, porque sabe que a relação deles será impossível.

-A tua irmã e o Filipe andam a brincar com o fogo e não têm noção que não são os únicos que vão sofrer com esta história.

-Eu também vou sofrer, mas o que mais me preocupa são eles, os três, eu sou o mal menor no meio desta história.

-Não Diogo, tu não és o mal menor. Tu és alguém muito importante e que tal como eles merece toda a felicidade e todo o amor do mundo, não mereces estar no meio desta encruzilhada mas infelizmente estás. Mas apesar de tudo, tens-me a mim.

-Eu sei meu amor, e só te posso agradecer, tens sido incansável. Além de uma enorme namorada, és uma enorme amiga. Amo-te daqui até aquele candeeiro! – Apontou para o candeeiro da sala que estava sobre eles.

-Só até ali? – Apontou. – Pensava que me amavas até à entrada de casa, pelo menos! Logo eu que abdiquei de usar saltos altos por tua causa!

-Fala o roto ao nú! Também não és uma pessoa muito alta!

-A mulher é como a sardinha, só se quer é pequenina!

-Amo-te cinco mil vezes o meu tamanho! – Respondeu ao ouvido de Rita.

-Amo-te duas vezes o tamanho do sol! – Respondeu-lhe ao ouvido também.
Deitaram-se sobre o sofá da sala e enquanto ela encostou a cabeça ao peito dele sentindo o seu cheiro entranhar-se através do seu olfacto, Diogo olhava deslumbrado para as feições belas dela.

-Amor? – Perguntou Diogo, fazendo com que ela abrisse os olhos.

-Diz.

-Quantos filhos gostavas de ter?

-Porquê essa pergunta?

-Quero fazer os planos para a nossa vida a dois.

-Gostava de ter um ou dois e tu?

-Dois. Um menino para jogar à bola comigo e lhe ensinar uns truques e uma menina para dar uso à minha espinguarda!

-Qual espinguarda? Não tens nenhuma!

-O meu pai tem uma, e eu dava-lhe uso por cada rapaz que se aproximasse dela!

-És o máximo, meu esquilo!

-Esquilo?!

-Sim, pareces mesmo um esquilo a dormir! – Sorriu.

-Então tu és a minha esquila! – Beijou-a. –Eu escolho o nome da rapariga e tu do 
rapaz que achas?

-Uma excelente ideia! Mas gostava de ter uma menina Sofia, para honrar e de alguma forma compensar tudo o que fiz à tua irmã. – Rita para piorar toda aquela situação tinha tornado o último ano letivo de Sofia ainda mais infernal, tinha feito com que fosse vítima de bullyng psicológico, mas estava arrependida, ninguém o merecia, muito menos a sua actual cunhada e depois de tudo o que passara.

-A minha irmã pode ter muitos defeitos, mas têm um coração de ouro e vai-te perdoar, pode demorar mas perdoa, até porque vai saber que te amo.

Rita acabou por adormecer nos braços do “seu esquilo” e Diogo também, estava apaixonado e aquela sensação era única, ela era o seu porto de abrigo, .ao fim de alguns minutos a admirar a sua namorada, acabou também ele por adormecer a admirar as características belas, ao seu olhar, da namorada.
Acordou alguns minutos depois e como não queria incomodar Rita, decidiu pegar no seu telemóvel e ir ver o seu snapchat, ir também ao facebook e só depois ver o seu instagram. Deparou-se com algo que não esperava. Filipe havia publicado uma foto da irmã com a seguinte descrição:

You are my little secret, my only wish and my definition of happiness”

Diogo depois de olhar para a imagem e de ler a descrição decidiu levantar-se e telefonar à irmã. Ela não atendeu, o que o deixou ainda mais preocupado. Com aquela agitação acabou por acordar Rita.

-Diogo? – Perguntou enquanto tentava abrir os olhos. –Que se passou?

-Já te conto. A minha irmã está a ligar-me.

Depois atendeu a chamada da irmã e contou-lhe o sucedido, Rita também percebeu toda a história apenas com o que ouvira, combinaram que o melhor seria encontrarem-se à hora do jantar para discutirem o que se havia passado, até porque Sofia queria contar-lhe algo mais, assim como Diogo que queria dar a notícia do seu namoro com Rita, e que iriam viver os quatro juntos.

-Tens a certeza que lhe queres contar Diogo? Mesmo depois disto do Filipe?

-Sim, tenho. Está na altura da Sofia saber que estamos juntos e de aceitá-lo, ela tem de respeitar a nossa decisão, assim como eu respeito esta relação estranha com o Filipe.

-Então e se ela não aceitar?

-Vai ter de aceitar, sabes porquê? – Rita sentou-se ao colo de Diogo. –Porque nos amamos. – Beijaram-se.

-Não é melhor irmos comprar tudo o que é preciso para o jantar?

-Sim. Vamos no meu carro ou no teu?

-No teu, que tu és menos perigoso que eu. – Cruzaram as mãos e deram um beijo. Saíram de casa e do prédio e foram em direcção ao supermercado mais próximo. Compraram diversos ingredientes e várias sobremesas, os dois estavam ansiosos, queriam que o jantar fosse perfeito e para isso prepararam tudo ao mais ínfimo pormenor.
Quando chegaram a casa, arrumaram as compras e colocaram a mesa, deixaram tudo pronto para a chegada de Filipe e Sofia, só faltava preparar o jantar, por isso Rita teve uma ideia:

-Que achas de irmos tomar um banhinho... Juntinhos? – Sussurrou ao ouvido do namorado.

-Parece-me uma ideia irresistível! – Beijaram-se e foram até à casa de banho. Aquele banho era inocente, queriam apenas trocar mimos antes de uma enorme prova de fogo naquela relação.

Despiram-se e entraram na banheira, depois de correr um pouco de água, aconchegarem-se na banheira e Rita decidiu fotografar esse momento:


O banho acabou por demorar mais tempo do que era previsto. Acabaram por só se aperceber do atraso quando ouviram a campainha tocar.
Diogo colocou uma toalha à volta das pernas e Rita vestiu um robe para cobrir o seu corpo, para ir até ao quarto mudar de roupa.

-Sim? – Perguntou ao chegar à porta de casa.

-Somos nós. – Respondeu em coro Filipe e Sofia. Diogo abriu a porta e os “amigos coloridos” ficaram espantados, não esperavam vê-lo em trajes menores.

-Deixem-me só ir mudar de roupa e já vou ter com vocês, entretanto vão para a cozinha.

Eles assim o fizeram enquanto Diogo foi ter ao quarto onde Rita mudava a roupa, acabaram por se vestir em simultâneo, trocaram um último beijo e foram até à cozinha, onde Filipe e Sofia já tinha estranhado estarem quatro pratos à mesa.

-Que é que ela está aqui a fazer Diogo?

-Nós estamos juntos, Sofia. A Rita vem viver connosco.

Como irá reagir Sofia?
E Filipe? Será que vão aceitar a vinda de Rita?