quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Capítulo 19 “Tu traíste-me? Com a Sofia?”




(Pedro)
Pedro não sabia muito bem o que sentir... Deveria estar feliz por Sofia, afinal amar era isso mesmo, colocar a felicidade do amado acima da própria, mas também destruira-lhe o coração saber que apesar de a ter realmente marcado, ela já não gostava de si da mesma forma, e que o tinha-o “substituído” no seu coração... Por um amigo seu. Ele ainda a amava e apesar de também nutrir algum sentimento por Matilde, não poderia e nunca deveriam ser comparados. Era um sentimento agridoce e não saberia ao certo se haveria de chorar ou de sorrir, sentia-se profundamente abalado e queria saber como deveria reagir ou não, precisava de apoio, precisava de um amigo, mas não queria que o criticassem e lhe apontassem o dedo, abraçou as suas pernas e decidiu olhar para o mar, e esperar que lhe dissesse algo... Como Sofia lhe havia ensinado, até que sentiu um toque no seu ombro e alguém sentar-se ao seu lado, e nem precisou de olhar, percebeu rapidamente quem era.
-Sê forte meu irmão, ela não te merece.
-Ela já não me ama... - Disse escondendo a cabeça entre os seus braços.
-Ela não te esqueceu, tu marcaste-a por completo, mas agora ela é feliz e tu também o deverias ser... Mesmo que te doa neste momento, tudo irá passar.
-E senão passar?
-Meu irmão, tudo na vida é efémero, como tu me ensinaste, se a felicidade não dura para sempre, a dor também não.
-E se eu nunca amar a Matilde como amei a Sofia?
-Não precisas de amar nenhuma delas para ser feliz, basta apenas olhares para a vida de uma forma diferente, pensar de forma positiva, custa, eu sei que sim, mas é o melhor para ti. Levantares a cabeça e continuares na luta, os teus irmãos adoram-te e os teus pais têm um orgulho incrível na pessoa que te tornaste. Podes não ter a Sofia, de quem ainda gostas muito, mas ela é feliz e tu devias sê-lo também, não para lhe mostrares que também o és, mas para ultrapassares esta dificuldade, por muito que pareça impossível, não te esqueças que não há, de forma alguma impossíveis. Tens ainda a sorte de ter a teu lado, uma pessoa que te ama mas também que é a tua melhor amiga e te vai ajudar a ultrapassar toda esta fase má, tudo o que de mau a vida te trouxer, tens uma rapariga de quem gostaste muito e ela a ti, mas ela está feliz e tu também o serás. Esquece a facada nas costas que o Filipe te deu, és superior a isso. A tua vida tem coisas boas e más, mas tu vais ultrapassar todas elas, porque todas vêm e vão. Se Deus te pôs estas dificuldades é porque sabe que irás ultrapassar e aprender com todas elas.
-Já a perdi uma vez, não quero voltar a perdê-la.
-Nunca passei pela tua dor, mas sei o quanto custa irmão, e acredita que eu estou a teu lado a apoiar-te, a dar-te forças e sempre do teu lado, como irei estar sempre.
-Raphael, eu sinto que uma parte de mim morreu hoje. - Raphael ia interrompê-lo mas Pedro não deixou. - Escuta-me por favor, antes de me julgar. A Sofia apareceu numa altura em que me sentia sozinho, em que começava a acreditar que o destino era algo para os românticos escreverem, que a minha vida seria apenas o futebol e nada mais, mas a Sofia apareceu e mudou a minha vida... Com um simples olhar. Todos os sentimentos que estavam adormecidos até então, despertaram, em simultâneo, com um simples sorriso me apaixonei por completo, e conforme fomos falando eu fiquei completamente rendido a ela, e mudar por completo a minha forma de ser, a minha forma de ver a vida, mudou tudo... Ela tornou-se tudo. A minha outra metade, a minha essência, a minha chave da felicidade, garanti a mim mesmo que ela era a mulher da minha vida, a “tal”, a mãe dos meus filhos... E acabou por ser a mãe do meu filho e acabou por matá-lo, e ninguém imagina a dor que isto me causa. Ela poderia não querer ser mãe, pode nunca me ter amado mas e o amor pelo nosso filho? Eu poderia ter sido o pai para ele, poderia ter-lhe dado tudo, poderia ter sido o pai e a mãe! - Já não desabafa apenas como uma lembrança do passado, mas sim com uma mágoa bastante presente, podiam haver milhões de justificações para o seu desaparecimento mas nenhuma poderia haver para a morte daquele inocente bebé. - E porque me abandonou ela? Do dia para a noite? Sem uma carta, nem uma chamada, nem um beijo de despedida? Eu teria dado a minha vida para ser como é que ela estava, para a ter de voltar aos meus braços... E quando ela voltou fiquei ainda mais devastado. Sei que amar é colocar a felicidade do amado à frente da nossa mas como esperam que seja feliz, depois disto? Perdi um amor e um amigo! Parece que os dois se uniram para me atirarem à cara que não estou bem! Custa-me pensar que tudo o que passei com a Sofia, foi só uma ilusão... E que senti tudo na minha mão e agora não tenho nada. Mas talvez tenha sido culpa minha, tê-la perdido, eu não sei, neste momento não sei nada. - Colocou a cabeça sobre as palmas das mãos e começou a chorar. Raphael por mais que quisesse falar simplesmente não conseguia. Sabia que Pedro amava Sofia, mas ele sempre conseguira esconder bem o que sentia, e por isso pensava que estava a aceitar relativamente bem tudo o que se passara... Nem que fosse por Matilde, de quem o rapaz também gostava, embora de uma forma muito mais natural e humana.

(Nesse mesmo dia à noite)
-Preciso de falar contigo. - Anunciou Pedro, depois de abrir a porta de sua casa a Matilde. - Entra, vamos falar para o meu quarto para estarmos mais à vontade.
Sentaram-se lado a lado sobre a cama do rapaz.
-O que se passou, amor? Estás a assustar-me!
-Eu gosto muito de ti, tu sabes que sim...
-Mas...
-Tenho de ser completamente sincero contigo, tu assim o mereces. Nem sempre te fui fiel.
-O quê? - Perguntou ainda sem reação para o que se passara, não queria acreditar. - Tu traíste-me? Com a Sofia? Como foste capaz? - Levantou-se e começou a chorar. - Eu amava-te, entreguei-te em corpo, em alma e em coração, dei-te tudo o que tinha e não tinha, e o que tu me fizeste foi o pior que me podias ter feito!
-Deixa-me explicar-te, tudo por favor.
-Enfia as explicações onde quiseres, esquece o que tivemos, acabou!
-Como assim acabou?
-Agora já podes ficar com a Sofia, sem me teres por perto, esquece-me, por favor! - Saiu do quarto a chorar, deixando Pedro sem reação possível, embora amasse Sofia, também gostava de Matilde e ela não merecia sofrer, era a pessoa que menos merecia sofrer no meio daquela história. E Pedro não conseguiu conter as lágrimas, deitou-se sobre a cama e adormeceu a chorar.

(Sofia)
Os dias passaram-se com uma velocidade surpreendente e Sofia sentia-se melhor a cada dia que passava. Os sogros já sabiam o parentesco que os unia e tratavam-na como filha,

A sua relação com os pais mantinha-se forte, e com o irmão, apesar de não ter aceite bem inicialmente a possível mudança de casa dela e de Filipe, acabou por aceitar a mudança como algo natural... Até porque seriam vizinhos. Juntamente com com Filipe já tinham arranjado a casa ideal para morarem e até tinham combinado dividir as despesas. Ela pagava uma pequena parte com a mesada que os pais e o irmão lhe mandavam e sobrava algum dinheiro para si. Tinha também feito 3 tatuagens, todas elas com um significado especial.


A tatuagem tinha sido feita no pulso porque assim estaria ao lado do nome do pai... A tatuagem era para Júnior, o filho falecido, e significava a sua perca fisicamente mas a presença forte, eterna e contínua no coração da mãe. Não precisava de tatuar o seu nome, um desenho significaria mais, não precisava de demonstrar ao mundo o nome do seu falecido filho, bastava olhar para ela e sabia que o filho estaria sempre ao seu lado, e a olhar por si.


No ombro tinha tatuado uma frase para o seu pai “pai, eu amo-te”, não precisava de o ter tatuado porque o pai sabia e sentia que ela o perdoara mas queria fazê-lo, queria mostrar ao mundo, que apesar de ter sofrido, aquele homem que chamava de pai, era bem mais que um progenitor, era muito mais que tudo isso, era o verdadeiro homem da sua vida, por mais homens que a sua vida tivesse, e não lhe tinha dito que a tinha, preferia fazê-lo pessoalmente.


E a última tatuagem mas nem por isso deixava de ser importante, significava a sua vida, tudo o que havia passado e haveria de passar, era o símbolo do infinito, com as palavras amor e vida, a pena representava-se a si mesma, considerava-se escritora, escrevia tanto quanto podia e porque estava nas suas mãos descrever a sua vida e o amor que entregava ao que a vida lhe trazia. Nesta fase, um nome se destacava, nome de uma pessoa com os olhos mais bonitos que vira... Uma pessoa que lhe fez recuperar o sorriso... Filipe.

Sentia que ainda não esquecera Pedro, mas também nunca iria esquecer, ele tinha sido alguém demasiado importante na sua vida, mas tinha ultrapassado, tinha-lhe dado tudo o que tinha e não tinha, tinha lutado e não tinha conseguido, a vida pregara partidas, mas ela tinha recuperado e superado, tinha e continuava a lutar pela sua vida e ela tinha-lhe dado uma nova oportunidade de ser feliz. Todas as noites fazia questão de rezar com Filipe a agradecer o dia que tinham dito, e quando o dia parecia menos positivo, rezavam a pedir algo melhor, mas faziam questão de agradecer por se terem conhecido e estarem juntos, e Sofia antes de adormecer rezava ao filho, a pedir que olhasse sempre por si no céu. Além das tatuagens havia pintado o cabelo de loiro, cor do cabelo que tinha quando era apenas bebé, altura em que fora feliz como nunca.

E até Filipe tinha vivido uma pequena mudança na sua vida... Inspirado em Sofia, tatuou junto ao peito:


Apesar da frase ser inspirada na força de Sofia e na admiração de Filipe por ela, havia tatuado aquela frase, a sua primeira tatuagem porque assim que a lesse iria lembrar-se que por muitas forças que às vezes parecessem faltar, iriam deixar de ser fraquezas, para se tornarem forças.

E para mostrar as suas tatuagens novas, especialmente para mostrar ao pai a que havia feito dedicada a si, e também para ver o jogo de Filipe e Diogo que se ia realizar em Braga, iria juntamente com Rita, passar o fim de semana ao norte. Sabia que era uma boa surpresa que faria ao namorado e ao irmão, que de certeza iria ficar feliz por vê-la, mas também podia implicar rever Pedro e embora se sentisse preparada, sabia que iria ser difícil... E iria enfrentar outra dificuldade, o pai de Sofia, tinha-lhe dito também que ia juntamente com elas ver o jogo, e a sua esposa acompanhá-lo-ia, ou seja, era a primeira vez que iriam conviver com Filipe, depois de saberem que o rapaz era seu genro...

Como irá reagir o pai à surpresa?
Será que Filipe vai gostar da surpresa? Como será o reencontro com Pedro?

1 comentário:

  1. Olá
    Amei ver o Pedro a desabafar com o Raphael 😍
    Ainda bem que ele contou a verdade à Matilde pq ela n merece ser traida
    Espero q o pai da Sofia reaja bem à surpresa, espero tb q o pipo goste da surpresa. E espero q o reencontro com o Pedro corra bem

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