Filipe não estava á espera
de uma história tão intensa, não podia nunca imaginar que o pai dela, lhe
fizesse uma crueldade tão desumana. Diogo sabia de quase toda a história. Sabia
que o pai nunca gostara de Pedro e que obrigara Sofia a ir para Espinho para a
afastar dele, mas não podia nunca, nem imaginar, que a tinha forçado a abortar.
O sonho da irmã podia-se ter tornado realidade, senão fosse as atitudes
questionáveis do pai.
O primeiro a reagir foi Filipe,
que limitou-se a abraça-la como não era abraçada há muito tempo. E Sofia chorou
durante bastante tempo, não havia ninguém á excepção da mãe que sabia toda a
história desde o começo. Por isso mesmo, não havia ninguém que lhe pudesse dar
todo o apoio que necessitava.
-Sofia. –
Sussurrou-lhe. – Não sei o que te dizer.
Só me apetece abraçar-te e nunca mais te largar. – Disse apertando-a mais
nos seus braços. Diogo pousou a mão sobre a mão da irmã.
-Eu não acredito que ele te fez isso. – Disse sem reação possível. –Ele não pode, não tinha coragem... – Disse agonizado e mal
disposto só de pensar naquela hipótese. Sofia foi mais forte, controlou as
lágrimas e encarou pela primeira vez o problema, não o evitando.
-Mas fez Diogo. Magoou-me muito e nunca pediu desculpa ou
mostrou um sinal de arrependimento. Mereço este sofrimento, mas quem deixei
para trás não merecia... – Sofia não conseguiu
manter a pacificidade e começou a chorar, ainda não era forte o suficiente para
conversar sobre o que se havia passado sem chorar, sem sentir uma repulsa e uma
náusea por si própria. Sempre que falava sobre o que havia passado, era como se
os cortes se voltassem a abrir e a dor agoniante voltasse. Depois de alguns
largos minutos a chorar é que conseguiu acalmar-se e exausta por tantas
lágrimas derramadas, da longa viagem que fizera e todas as emoções que sentira
adormeceu com a cabeça pousada no colo do irmão e com os pés sobre as pernas de
Filipe.
Acordou passado algum tempo com
o corpo a doer-lhe, apesar de ter adormecido numa posição que lhe parecera confortável.
Mas ao contrário de quando tinha adormecido, a sua cabeça não estava pousada no
colo do irmão, mas sim numa almofada e os pés estavam descalços e sobre o sofá.
-Diogo, Pipo. –
Levantou-se e começou a procurá-los pela casa.
-Querida vem á cozinha! – Ouviu uma voz bastante simpática e convidativa chamar
por si e começou a percorrer a casa á procura donde viria aquela voz, assim que
encontrou, deparou-se com uma senhora de meia idade que formou um sorriso na
cara quando a viu.– Presumo que sejas a
Sofia.
-Sim. –
Respondeu envergonhada. –E presumo que
seja a mãe do Filipe. – Disse não mencionado a alcunha pela qual o chamava.
-Sim, querida. O Filipe foi só levar o teu irmão ao centro
de treinos e já deve estar a chegar.
-Obrigada e desculpe o incómodo. Vou só esperar que o
Filipe chegue e já me vou embora.
-Sofia senta-te aqui. –
Puxou uma cadeira da mesa da cozinha e apontou para a cadeira ao seu lado, como
que convidando-a para se sentar. Sofia obedeceu. – O Diogo e o Filipe, Pipo como tu chamas, estiveram-me a explicar a
tua situação e estou disposta a ajudar-te, podes ficar aqui o tempo que
quiseres. – Disse voluntariamente. –
Não temos mais camas cá em casa e o sofá não é tão confortável quanto parece. –
Bem que o diga! Comentou Sofia para si mesma. – Mas logo á noite vou ter com o meu marido ao trabalho e vamos comprar
um colchão para o Filipe dormir enquanto aqui estiveres. Tens é de partilhar o
quarto com ele, e acredita quanto te digo que ele não é um bom exemplo de
arrumação. – Sorriram.
-Só iria incomodar e dar problemas, não se incomode,
arranjarei outro sítio para ficar.
-Levo a mal senão aceitares o meu convite. – Sofia deu-se por vencida.
-Então faço questão de lhe pagar, por enquanto não tenho
muito mas é uma boa ajuda. E quando tiver mais, juro que pago todas e quaisquer
despesas que dê.
-Deixa-te estar querida. Faço-o de boa vontade, não quero
nada em troca.
-Não sei como lhe agradecer por tudo. De coração. E nem
sequer sei o seu nome... – Disse ainda mais
envergonhada.
-Maria. Maria Nascimento. E nada de donas, nem senhoras,
o meu primeiro nome é Maria. –
Sorriram e Sofia entendeu logo o que a mãe de Filipe queria dizer. – Queres ajuda para levares as tuas coisas para
o quarto Sofia?
-Não se incomode. –
Antes de virar costas repetiu. –Obrigada
mais uma vez por tudo.
-É de boa vontade que te ajudo. Querida, tens no quarto
do Filipe um armário que ele não usa, não é muito grande, mas sempre podes lá
guardar as tuas coisas e as malas podem ir para o armário dele.
-Se lhe agradecer mais alguma vez é capaz de se chatear,
por isso, se me dá licença vou arrumar as minhas roupas. – Sorriu e foi até á sala buscar as malas e foi até ao
quarto e pousou-as no chão. O quarto era bastante grande, por isso havia espaço
para deixar as malas e para colocar um colchão. Procurou o armário que Maria
tinha falado e depois de o encontrar começou a arrumar as roupas.
-Olá Soff! –
Disse Filipe a entrar no quarto. –
Desculpa não te termos dito nada mas estavas a dormir tão bem que te deixei
estar. E o Diogo teve mesmo de ir embora.
-Mas já é assim tão tarde?
-Não. São 19h e pouco.
-Tive pena de não lhe dar um beijinho mas eu depois falo
com ele.
-Amanhã só temos treino á tarde, se quiseres podemos
passar o dia juntos.
-Tenho é que ir á escola de manhã, preciso de saber se
está tudo bem com a minha matrícula, ver qual é a minha turma e horário e quais
os livros que preciso e claro, se há alguma forma de os ter sem pagar, ou a
pagar menos.
-Estás a tirar que curso?
-Estou em letras, porquê?
-No décimo segundo ano, certo?
-Sim.
-Ficas então com os meus livros do ano passado, duvido
que tenham mudado.
-Obrigada Pipo! Não sei como te agradecer por tudo!
-Para que servem os amigos?
-Mas os teus pais não têm e não deviam sustentar-me, e tu
estás a ser incansável comigo. Obrigada! –
Deu-lhe um abraço e um beijinho e com a proximidade que havia, acabou por tocar
nos ombros de Filipe. Naquele último ano, tinha desenvolvido bastante. A voz
estava mais grossa, o corpo outrora magro, dera lugar os músculos e os ombros
estavam mais largos e Sofia não conseguiu evitar tocar-lhe. Era um grande amigo
seu, talvez o melhor depois do seu irmão, mas como era possível ficar-lhe
indiferente? Durante aquele último ano não tinha deixado que nenhum rapaz se
aproximasse, afastara todos os interessados e não olhou para nenhum rapaz, iria
ser fiel a Pedro. Mas Filipe era tão bonito, por dentro como por fora. E ela,
estava carente. Mas não iria trair o seu namorado, não iria estragar uma
amizade e magoar duas pessoas que tanto gostava somente por causa de uma atracção
física.
-Meninos, mesa! –
Anunciou a mãe de Filipe. Separaram-se e foram até á cozinha onde jantaram e
Maria depois de terminarem a refeição, foi embora ter com o marido para comprarem
o colchão e depois, começaram também a arrumar a roupa que Sofia havia trazido
pelo quarto.
-Se soubesse que estavas em Espinho, tinha ido ter
contigo.
-Não tinhas como saber. Mas acredita que nunca desconfiei
do valor da nossa amizade.
-Podia ter feito tantas coisas mais, podia ter
pressionado mais o teu irmão, podia ter ido até Espinho á tua procura, nem que
fosse para perguntar aos teus pais.
-Não te sintas culpado, o meu pai nunca te iria dizer, e
o meu irmão não te poderia dizer, porque nem ele sabia.
-Como é que e possível? Ele é teu irmão...
-Sim. Mas o meu pai disse-lhe que fui para um colégio
interno.
-Os teus pais já te ligaram? – Perguntou Filipe, mudado de assunto rapidamente.
-Não. Não são meus pais. Ela é minha mãe, mas aquele...
Monstro, não é meu pai. Demito-me a acreditar que ele é sangue do meu sangue,
senão não me teria feito o que fez. Mas não quero falar sobre isto. – Disse com a mágoa bastante presente na voz.- Mas sim, já me ligaram umas quantas vezes
mas nunca atendi.
-E algum dia, ou alguma vez vais atender?
-Não sei. Estou é a pensar mudar de número.
-Põe-te no lugar da tua mãe, não ias gostar de não saber
onde está a tua filha.
-A minha mãe é a pessoa que menos culpa tem, e não merece
isto. Mas por enquanto, não tenho coragem de falar com ela.
-Mas sabes que é provável que ela desconfie que estejas
aqui.
-Depois penso nisso. –
Disse claramente a mudar o rumo da conversa. E depois de arrumarem a cozinha, verificaram
se os livros estavam todos em ordem, claramente usados mas em bom estado para
serem reutilizados.
Sofia estava exausta e
Filipe não parou quieto durante o dia, por isso estavam com sono e acabaram por
se deitar na cama dele e adormecerem. Era uma cama de solteiro, não era
confortável para duas pessoas, mas tentaram ao máximo manter a distância. Filipe
acordou quando os pais chegaram, ao contrário de Sofia.
Com o cansaço deixaram-se
adormecer até às 11h, e depois de prontos, puseram-se a caminho da escola, Filipe
optou por ficar no carro a ler um livro, enquanto Sofia vou verificar a sua
turma, os horários e se a transferência tinha sido totalmente aceite. Depois de
tudo preparado saiu da escola confiante que iria recuperar a vida que tivera
outrora, aquele era o primeiro passo. Quando ao sair deparou-se com algo que
nunca imaginara. Algo que partiu o coração em milhões de pedaços.
Pedro estava a beijar outra
rapariga. Pedro tinha outra pessoa... E Sofia sentiu o seu mundo ruir mesmo por debaixo dos seus
pés. Não o podia censurar por ter outra pessoa, ela tinha-o abandonado e ele
estava a lutar pela sua felicidade. Ela não o iria abandonar, não iria matar um
filho, talvez ele a merecesse como não merecia Sofia, e talvez ela iria
limitar-se a amá-lo e a fazê-lo feliz. Ele estava feliz, era o que mais
importava, mas não podia sentir-se feliz com a felicidade dele, ao lado de
outra pessoa. Foi até ao carro, sem nunca derramar uma lágrima e entrou para o
lugar do pendura.
Entrou no carro sem dizer
uma única palavra, nem cumprimentar o amigo, só conseguia pensar no que acabara
de ver. Ele estava feliz... Mas aquela felicidade, custara-lhe a sua
felicidade.
-Que se passou Sofia?
-Não fales por favor. Leva-me apenas para casa. – Filipe obedeceu ao pedido de Sofia e conduziu até casa,
ligou o rádio mas ela desligou-o. Queria apenas sair daquele sítio, em silêncio
absoluto.
Filipe estacionou o carro
enquanto caminhavam até casa, ele sentia-se a cada momento mais impotente, mas
iria respeitar o pedido da amiga.
Quando chegaram a casa,
almoçaram num silêncio assustador e profundo, depois de terminaram Sofia pediu
para arrumar a cozinha sozinha e Filipe obedeceu, deixando-a sozinha. Mas ela
sabia bem o porquê daquele pedido, iria pôr um termo á vida. Abriu a gaveta dos
talheres e tirou de lá a maior faca que existia, olhou para ela e pensou:
“Se tu falhares não sei o que mais me mata”
Continuou a olhar e a
perguntar a si mesma se faria mais cortes nos pulsos, como havia feito antes e
tinha acabado por sobreviver, ou se faria na garganta, que sem dúvida seria fatal.
Mas Filipe regressou á
cozinha e disse:
-Tens a certeza que não queres ajuda? – Mas ao entrar na cozinha deparou-se com aquela cena.Sofia
tinha uma grande faca na mão, e estava a olhar para ela e a colocá-la junto á
pele. Correu até ao seu encontro e abraçou-a. – Sofia, não te vou perder outra vez, ouviste? – Disse atirando a
faca para o chão, e abraçou a amiga com toda a força. –Por favor, explica-me o que se passou.
-Ele... Ele... Tem... Outra... – Sofia não conseguiu conter as emoções.
-A única pessoa que merece as tuas lágrimas é a única que
nunca te fará chorar. – E começou a limpar
as lágrimas que corriam a face de Sofia, mas o corpo dela continuava a tremer,
com os nervos que sentia. – Tem calma, eu
protego-te. – Agarrou nas mãos de Sofia e olhou-a. – Não me voltes a deixar, promete-me. – Filipe suplicara-lhe com as
palavras e com o olhar. Aquele momento tornou-se mais do que um momento de
amizade, porque num impulso beijaram-se. Mas Filipe depois de inicialmente se
ter deixado levar, acabou por separa os lábios e dizer. –Não Sofia, estás carente. – Mas ela não lhe deu ouvidos. Continuou
a beijá-lo e desta vez mais nenhum parou com o que viria a ser uma série de
beijos. Não exista um amor que os unisse, apenas existia um sentimento de
desejo.
Filipe fez Sofia sentar-se
na mesa da cozinha de pernas aberta para si, e enquanto se beijavam, começou a
explorar-lhe o corpo. A tocar-lhe em zonas que nunca pensara, explorando as
suas ancas e as pernas. Sofia conhecia bem qual era o rumo que tomava e decidiu
despiu-lhe a t-shirt. Que lhe respondeu também despindo-a. Ergueu-se da mesa e
colocou-se a mão no peito dele e fê-lo ir até ao quarto. Quando lá chegaram,
Sofia saltou para o colo dele, ficando presa apenas com as pernas no corpo
dele. Os beijos eram intensos mas deixavam de ser nos lábios, Filipe começou a
ser mais ousado e a explorar o peito de Sofia, que a levava a sentir pequenos
espasmos de prazer. Tão depressa como tinha tudo surgido aquele momento de
loucura, as calças de Filipe sairam do seu corpo e os calções dela foram de
encontro ao chão. Estavam já em roupa interior, e deitados na cama quando ele
disse:
-Isto é um erro. –
Tarde demais, pensou Sofia para si mesma.
-Cala-te! –
Ordenou e beijou-o e com os desejos carnais bem presentes. Não pensaram em mais
anda, apenas em saborearam aquele momento ao máximo. A (pouca) roupa que tinham
no corpo desapareceu, e o desejo já antes presente começara a ganhar enormes
preporções. Colocaram o preservativo bastante á pressa, sem tomarem em atenção
o facto de ficar bem ou mal posto e começaram a fazer sexo. Não era amor,
sabiam-no, era apenas os desejos carnais a vencerem a racionalidade e a lógica.
Sexo selvagem, louco e
prazeroso foi o que viveram durante imenso tempo, de todas as formas loucas e
imagináveis. Deram ouvidos a uma série de loucuras que tinham em mentes e
conheceram sentimentos que de todo desconheciam. Nunca tinham vivido algo assim
e nunca tinha acontecido envolverem-se com uma pessoa que não amassem. Ambos
estavam apaixonados por outras pessoas e acabaram por deixar isso bem claro,
enquanto Sofia gritava por Pedro, Filipe gritara também Jéssica. Nenhum deles
deu importância ao que gritavam. Aquele era somente um momento prazeroso e sem
compromisso da vida de ambos, que pela primeira vez se cruzara.
Não sabiam ao certo a que
horas chegava a mãe de Filipe e a loucura da luta contra o tempo ainda lhes
dava mais vontade de arriscar, de desafiar o perigo. Só terminaram quando os
corpos já não aguentavam mais.
-Uau. –
Disse Sofia sentando-se na cama enquanto Filipe vestia os boxers. –Isto foi uma loucura que soube mesmo bem.
-Mais tarde falamos sobre isto. - Disse envergonhado e nervoso á procura das roupas que
estavam espalhadas pelo quarto e vestindo-as ao ritmo que as encontrava. Olhou
para o relógio. – Vou chegar atrasado ao
treino e neste estado. – Disse referindo-se á suor que lhe escorria pelo
corpo. – Senão te importares dá um
jeitinho ao quarto que eu tenho mesmo de ir. – Deu-lhe um beijo na testa e
foi-se embora e Sofia ficou novamente sozinha, sem saber o que fazer.
Como
ficará a relação de Sofia e Filipe?
Será
que Diogo vai descobrir? Será que Sofia vai ter de deixar a casa dele?
Olá...bem...que capitulo :O
ResponderEliminarEstou completamente KO :o
Depois disto...espero que a relação de amizade do Filipe e da Sofia não se estrague e se avançar para algo mais...que avance...porque ambos merecem pessoas melhores que tiveram nas relações anteriores.
Se o Diogo descobrir...que não reaja mal e espero que a Sofia não deixe a casa onde mora :)
Espero pelo próximo sff bjs
Fabuloso...
ResponderEliminarQuero mais... Continua...
Tou super curiosa para ver o próximo...
Uma palavra : wow !
ResponderEliminarIsto eu não estava a espera. Quer dizer da parte do Pedro ter outra pessoa eu esperava. Até te tinha dito isso acho eu. Se não disse pensei!
Mas fiquei completamente parva quando li que a Sofia pensou em matar se e desta vez parecia mais segura do que nunca. No fundo "percebo-a" no sentido em que ela passou o último ano a tentar arranjar condições para recomeçar a sua vida e depois sente que já não vem a tempo de recuperar quem mais ama!
Mas esta cena com o Filipe nem nos meus maiores momentos de imaginação eu poderia adivinhar! Jasus eles fizeram-no! E com muita vontade diga se de passagem.
Posta rapidinho que eu quero as respostas aquelas perguntas finais!
Besito
Ana Santos
Olá
ResponderEliminarAdoreiiiiiiiii *_*
Beijinhos
Catarina